Dizem que quando algo nos atormenta é benéfico escrever sobre esse assunto. Então, aproveito a deixa para escrever sobre ele, atormentando-vos com os meus tormentos.
Sabem aqueles períodos em que parece que tudo nos acontece? Chamam-lhes «Maré de azar». Há quem diga que é bruxedo ou inveja. Uma espécie de força sobrenatural que, de alguma maneira, consegue, por meio telepático ou energético, entrar na nossa casa e começar a escavacar tudo por onde passa. Em particular os eletrodomésticos de A a Z.
Eu cá decidi entender a dita maré de azar como falta de "Com quê", que é como quem diz "Já me saía o Euro milhões para renovar a casa de cima a baixo", só que não. Para ganhar teria de jogar, no mínimo. Mas, como diria o nosso querido Sr. João das Abelhas, não há "Com quê" (Sim, a deixa não é minha!). Logo, não há vícios! Não se joga! Além disso, convenhamos, já que falamos de azar, dizem também que quem tem sorte ao amor não tem ao jogo. Em suma, pelo sim pelo não, mais vale não jogar. É que enquanto a maré de azar, bruxedo, inveja, má sorte...não me avariam o amor, vou sendo feliz de bolsos vazios e casa avariada.
Ora, voltando ao assunto de hoje, é curioso como este tipo de energia se manifesta de modo espontâneo, em determinados períodos, sendo que muitas vezes se serve de nós, humildes terráqueos, para retraçar todo e qualquer equipamento elétrico.
Há cerca de um ano para cá parece que tudo nos acontece. Quem nos conhece bem sabe das peripécias que nos têm acompanhado em vários contextos. Contudo, não deixa de ser curioso a questão dos eletrodomésticos avariados.
A minha sogra sempre me disse que a minha energia não é compatível com este tipo de equipamento. É certo que sempre que os visitamos, mal toco nestas máquinas elas começam a manifestar-se: O micro-ondas começa a piscar, a máquina de café começa a piscar...uma autêntica "moda do pisca pisca" como diz a música.
Se bem me recordo, há cerca de 2 anos, na semana em que comprei a minha querida bimbalhufas, a máquina do pão avariou. Pouco depois a minha vigorelli, para a qual não existem peças, decidiu que era também a hora dela e morreu!
No início do ano passado, o meu marido pegou no aspirador e até poderia ter deixado a casa num brinco, não tivesse tido o infortúnio de aspirar uma poça de água na casa de banho...a desgraçada da máquina começou a deitar fumo e morreu! Mas como sou prevenida, tinha um outro que havia comprado bem baratinho, só para o caso de vir a ser preciso. E foi. Mas o tempo de uso não foi longo. O marido pegou nele, foi aspirar a cozinha, deu um encontrão no bebedouro dos cães, aspirou a água e...o aspirador continuou a funcionar!!! Incrível!!! Era bom! Passado uns dias...morreu! Lá tivemos nós de ir às Caldas comprar um aspirador.
Se este blog não fosse o mais desinteressante do mundo, a senhora da loja de eletrodomésticos das Caldas seria sua seguidora e escreveria nos comentários que só em 2017-2018 fui lá trocar 3 máquinas de sopa (à terceira já nem me dei ao trabalho de lá ir e foi diretamente para a reciclagem).
Passado pouco tempo, em meados de Julho, estava eu a lixar um móvel para a bebé quando a lixadora começou a fazer uns barulhos estranhos e também morreu. Isto nem parece meu (façam o obséquio de não contar a ninguém por favor!), mas a lixadora voou da janela diretamente para o contentor do lixo, que alguém havia deixado aberto. Não se preocupem! Eu olhei primeiro para me certificar de que ninguém passava na estrada.
Seguiram-se o grelhador, o secador de cabelo, depois um outro grelhador de chapa, a torradeira, o exaustor e adivinhem lá?! Pois está claro, o novo aspirador! Contudo, estava na garantia e, por algum golpe de sorte, era um problema de fabrico e não uma piscina dentro dele.
Para fechar o ano, mesmo a bater no natal, ia fritar filhoses e a fritadeira não ligou. Ups! Fritou!
Já em 2020, e depois de trocar por diversas vezes as lâmpadas da sala, o computador achou por bem, e por solidariedade a elas, que era hora de se apagar. Lá foi fazer uma visita ao Norberto, que por milagre ou por ser imune a marés de azar, bruxedos, invejas e má sorte, lá safou a coisa. Já o tablet não teve a mesma sorte (Por causa do "Com quê"). O ecrã deu o berro e como é uma pipa de massa ficou ali parado até ganharmos a sorte grande, ou até a cachopa crescer e pedir fotos dos primeiros 3 meses de vida.
Quem fica a faltar na história? O telemóvel. Já não aguenta nada e nem mesmo a bateria aguenta uma manhã...terá de procurar sucessão muito em breve. Só que com a ganância da black friday o que tinha em vista já se esfumou do carrinho. Deixa lá ver o que aparece.
Se ainda não acabou? Só mais esta: todas as manhãs lá vamos nós, de esfregona na mão, limpar a água junto ao frigorífico. Não me parece bom agoiro.
Enfim, parece mentira, eu sei. Mas é a mais pura das verdades. Já nem vou falar nas idas à oficina com os carros para não vos deprimir.
E como se explica, então, toda esta maré de azar que se instalou por cá nos últimos 2, 3 anos?
Quando comento com os amigos esta questão a resposta é quase sempre a mesma: "Tu vai à bruxa mulher!".
Será que a bruxa nos dará um voucher para gastar hoje na Black Friday?! Não me parece.
A lei de Murphy defende a máxima de que se alguma coisa pode correr mal, vai correr mal. E creio que se aplica aqui. Porque a verdade é que nada dura para sempre. Mais cedo ou mais tarde tudo avaria ou quebra. Isso é física. É só uma questão de força, trabalho e tempo. E a bela da verdade é que o raio do frigorífico tem mais de 20 anos. Se tiver de avariar...vai avariar. Tem tudo para correr mal!
Mas caramba...já cumpriu com a sua função.
Ainda assim, a questão da energia que nos atravessa é bem real. Somos energia. Mas isso já é assunto para outras andanças.
E por aí? O que vos poderá correr mal?